O programa make é uma ferramenta bastante utilizada para o controle de grandes programas, facilitando as tarefas de compilação e execução. Para entender o seu funcionamento, suponha a existência de um programa composto por três arquivos: main.f, part1.f e part2.f.
A compilação deste programa utilizando o Intel® Fortran Compiler é realizada por meio do comando:
ifort main.f part1.f part2.f -o exec
ou
ifort -c main.f
ifort -c part1.f
ifort -c part2.f
ifort main.o part1.o part2.o -o exec
que cria um arquivo executável chamado exec que pode ser executado a partir do comando:
./exec
Na segunda opção de compilação, os três primeiros comandos tem como finalidade a obtenção de arquivos do tipo "objeto", com extensão ".o". Já o último comando realiza a conexão entre os três subprogramas. Esta forma de organização e compilação dos arquivos que compõem o programa é mais conveniente para a utilização do arquivo Makefile. Isso possibilitará que a tarefa de compilação seja mais rápida, pois apenas as partes do programa que foram editadas precisam ser compiladas novamente.
A seguir, serão exibidas três opções de criação do arquivo Makefile, avançando em grau de dificuldade e generalidade.
==== Opção 1 ====
O arquivo Makefile mais simples de ser escrito consiste em agrupar os comandos necessários da seguinte forma:
compile:
ifort main.f part1.f part2.f -o exec
run:
./exec
clear:
rm -f *.o *.mod exec
Com este arquivo, basta digitar "make" ou "make compile" para que o programa seja compilado e "make run" para que seja executado. A opção "make clear", por sua vez, apaga todos os arquivos gerados durante a compilação e execução do programa.
==== Opção 2 ====
Nesta opção, serão criados os arquivos do tipo "objeto" com a posterior conexão entre os subprogramas. No entanto, é necessário que se saibam as dependências entre cada subprograma. Para este exemplo, suponha que o programa main.f dependa dos demais arquivos. Neste caso, o arquivo Makefile deve ser escrito da seguinte forma:
COMPILADOR = ifort
compile: exec
exec: main.o part1.o part2.o
$(COMPILADOR) main.o part1.o part2.o -o exec
part1.o: part1.f
$(COMPILADOR) -c part1.f
part2.o: part2.f
$(COMPILADOR) -c part2.f
main.o: main.f part1.o part2.o
$(COMPILADOR) -c main.f part1.o part2.o
run:
./exec
clear:
rm -f *.o *.mod exec
Apesar de ser uma forma mais rebuscada do que a opção 1, nesta opção é necessário que se conheçam as dependências entre cada subprograma, o que nem sempre é tarefa fácil. Além disso, para cada novo subprograma adicionado é necessária a edição do Makefile para a sua inclusão na rotina de compilação.
==== Opção 3 ====
Esta opção, apesar de mais abstrata, é a que traz mais generalidade ao Makefile. Para o exemplo aqui apresentado, inclui-se o arquivo global_var.f, que contém a declaração das variáveis em um módulo e que deve ser compilado antes dos demais arquivos. Neste caso, o arquivo Makefile deve ser da seguinte forma:
COMPILADOR = ifort -O2
FSOURCES = $(wildcard *.f)
compile:exec
exec: $(FSOURCES:.f=.o)
@$(COMPILADOR) -o $@ $^
global_var.o: global_var.f
@$(COMPILADOR) -c global_var.f
%.o: %.f global_var.o
@$(COMPILADOR) -c $<-o $@
clean:
@rm -f *.o *.mod exec
run:
@./exec
Neste arquivo, o @ no início de cada comando faz com que este não seja impresso na tela. O comando "FSOURCES = $(wildcard *.f)" faz com que todos os arquivos com extensão ".f" sejam compilados.
Em seguida, a variável especial "$^" é incluída e realiza a substituição de todas as dependências de cada um dos arquivos compilados. Com o comando "%.o", o arquivo entende que todos os arquivos ".f" devem ser compilados para a extensão ".o" (atentar para a criação da dependência entre os demais arquivos ".f" com "global_var.f" neste comando). A variável "$<" é substituída pelas dependências do subprograma. Por fim, a variável especial "$@" é substituída pelo nome do arquivo sendo compilado.